O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (6) intensificar o ritmo de aumento da taxa Selic, que subiu 0,50 ponto percentual, passando de 10,75% para 11,25% ao ano.
No comunicado, o Copom destacou a preocupação com a política fiscal e sua influência na dinâmica das contas públicas e na política monetária. Em meio a debates sobre o pacote de contenção de gastos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o BC enfatizou que a "apresentação e execução" de reformas estruturais contribuirão para um cenário inflacionário mais favorável e para a moderação dos juros.
O Copom pontuou que acompanha de perto como os ajustes fiscais afetam a política monetária e os preços dos ativos financeiros. A percepção de incerteza sobre o pacote fiscal elevou o câmbio, com o dólar fechando na semana passada no segundo maior patamar nominal da história.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível, com foco na sustentabilidade da dívida e em reformas orçamentárias, auxiliará na ancoragem das expectativas de inflação e reduzirá os prêmios de risco, impactando, assim, a política monetária”, afirmou o comunicado.
Impacto da eleição nos EUA
A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos trouxe novas incertezas econômicas. Embora o Copom não tenha mencionado o pleito diretamente, a conjuntura internacional permanece desafiadora, especialmente no que diz respeito ao ritmo de desaceleração econômica e à postura do Federal Reserve (Fed).
A política econômica de Trump, que inclui medidas inflacionárias e protecionistas, pode impactar o ciclo de cortes de juros do Fed e pressionar países emergentes, como o Brasil.
Projeções de inflação acima da meta
O Copom observou um crescimento no dinamismo da atividade e do mercado de trabalho. No entanto, a inflação ainda supera a meta, com projeções de 4,6% para 2024 e de 3,9% para 2025, ambas acima do objetivo de 3,0%.
Diante dessas projeções, o BC busca alcançar a meta de inflação no segundo trimestre de 2026. No fechamento do dia, o dólar, que chegou a R$ 5,86 pela manhã, encerrou em R$ 5,67.
O BC, de forma unânime, decidiu por um ajuste mais forte, incluindo votos de Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência em 2025.
Fonte: Contábeis